quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Semeando amizade e colhendo a paz

A todos que passam por aqui, meus siceros votos de Boas Festas e muita Paz.

Quantos são os que nos dizem de forma direta,

Onde foi que erramos, onde foi que nos omitimos,

Onde foi que perdemos a chance de sermos melhores?



Poucos, com certeza, têm a coragem de nos apontar outros caminhos,

Que nos guiem para portos mais seguros quando a nau da nossa vida

Está a deriva e, parece, o naufrágio é iminente.



Mas nestes últimos dias do ano, quando todos esperam a renovação

Ao alcançar um novo período de vida, também lembramos de

Comemorar o nascimento de um grande avatar da humanidade que

Semeou toda sua amizade para que pudéssemos colher a paz.



Independente de religião, de crenças, de ideologias, o Essênio de Nazareth

Pregou o amor, a amizade, a pureza de sentimentos e, principalmente, a

Capacidade de se perdoar.



E o perdão deve fazer parte da Natureza do nosso ser e não ser uma mera concessão do nosso orgulho.



Pois que nestes dias festivos, possamos perdoar nossos algozes antes de

Pedir perdão por nossos próprios deslizes.



Um Feliz Natal a todos e um ano novo repleto de perdões semeando amizade

E colhendo muita, mas muita paz.


































terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Autômato onomatopaico

Sete horas, acordo, levanto, visto,
Escovo dentes, sapatos, cabelos,
Sento, como, levanto, suspiro, beijo.

Saio, caio, levanto, me espanto.
Dirijo, paro, ouço, vejo, verde,
Passo, corro, é tarde, sete e cinqüenta,
Atraso-me, desculpo-me, sento.

T A C   -  TACTAC  -  TAC  -  TACTAC  -  TAC  -  TACTAC  - TAC
P    P    P   P   P  P   P   P   P   P  R   R   R   R   R  R  I   I  I   M   M   M  M
TACTAC   -   TAC   -   TACTAC   -    TAC   -   TACTAC  - TAC   -  TACTAC
P    P    P   P   P  P   P   P   P   P  R   R   R   R   R  R  I   I  I   M   M   M  M

BIP  -  BIPBIP  -  BIP   -   BIPBIP  -  BIP  -  BIPBIP  -  BIP  -  BIPBIP
Bom dia, certo, certo, ta, certo, certo, ta
Ok, tudo bem, Ahn, Ahn, certo, Ok, Ok, Ok.
Sim, ta, certo, certo, Ok, ta, certo, sim.

Sorrio, cumprimento, sorrio, cumprimento,
Cumprimento, sorrio, cumprimento, sorrio,
Sorrimento, cumprio, sorrimento, cumprio.

Seis horas, levanto, sorrio, me despeço,
Dirijo, paro, ouço, vejo, vermelho, buzino,
Oito horas, cansado, como, levanto, banho,
Sorrio, beijo, TV, sono, bocejo, quarto,
Cama, três filhos, já chega, viro, durmo.


As mãos

Com uma sede de domínio as mãos tremulam como flâmulas que comemoram a vitória.
As guerras sempre deram trabalho para as mãos, seguras e decisivas.
A perfeição dos seus traços harmoniza-se com o vigor dos seus nervos e ossos.
O aspecto áspero e rude de um soco faz das mãos o carrasco da mente.
A suavidade e elegância da mão perfumada que acaricia faz da mulher a mãe dos homens.

A mão que exprime ódio quando contraída, ou agonia quanto entreaberta e trêmula, denota paz e amor quando empunha o indicador e o médio elevados rigidamente.
As mãos matam, fazem nascer, punem, acariciam, fingem, cumprimentam e são algemadas pela vida.

As mãos sentem o perigo no tato e estrangulam a meia-noite tenebrosa com o apertar dos dedos. As mãos partem o pão da vida, mostram o desespero de um afogado e provocam o orgasmo numa Barbarela do futuro.

As mãos que as enxadas calejam e as alianças repousam.

As mãos unidas num ideal aceso, numa utopia presente, numa artilharia audaz.
São partes executivas de um corpo despoticamente governado pela mente, que busca a segurança empunhando armas e liras no seio da humanidade racional.

Amigo, irmão

1995 - Ao Jorge Manuel Andrade Granado, amigo e irmão.



Voa amigo, voa sem destino,
Pássaro que és, branco e clandestino
Neste mundo e em qualquer lugar.

Que representas, bondade e inocência de pureza e paz.

Vai meu irmão, mas fica onipresente,
Como seu carisma se espalha
E retorna sempre feito um perfume.

Que como eu estão saudosos da sua presença
Tão criança, tão zelosa.

Voa meu etéreo amigo das noites mal dormidas,
Do sonho adolescente a ser vivido
Em qualquer ponto de qualquer lugar.

Amigo das canções ilustradas com poesias,
Encantadas por canções de amor demais.

Flutua, suave pluma lusitana,
Brasiliano negro de olhos verdes
De Santo Amaro e Salvador.

Deixa fluir sua voz Beatlemaníaca,
Pelos seus ídolos Chicos e McCartneis
Nestes nossos Armazéns, Raibows e Festivais.

E breve ___ chama que nos consola ___
Poderemos de novo Caetanear.

Estás entre nós, nas telas coloridas,
Nas tintas, no som do teu Blues,
Nas palavras-poesias, nas cartas do Crapô,
Na luz que nos ilumina.
Estarás brincando no céu com diamantes,
Palestra verde e branco instigante,
Nossa música não se acabou.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Um grito de sangue

Velho, cabeça baixa e mudo.
Esqueceu ter memória, esqueceu tudo.

Olhos rasos e vermelhos,
Cabelos brancos na cabeça baixa.
Dava conselhos.

Dava de graça e todos riam.
Riam o médico e o juiz,
Mas sempre viam.

Velho, mãos enrugadas,
Rugas no rosto cansado,
Tremor nas pernas estragadas.

Fogo branco e gelado.
Espinho sem ponta, estéril, tarado.
Navega remando as areias.
Um grito enlatado na garganta.
Um grito de sangue nas veias.

A quarta estrela

Eu tenho que abrir o céu e ganhar a galáxia,
E afundar, e afogar, e matar o mar.
Eu tenho que ganhar Vênus e Marte,
E martirizar, estrelar, vingar o mar.

Eu tenho que roubar os polens da flor,
E rasgar, cravar, machucar.
Eu tenho vontade de estourar meu crânio,
Rasgar meu peito e afogar meu ar.

Eu tenho que alcançar as verdes estrelas,
E ostentar o prateado mato.
Eu tenho que alucinar a realeza
E cuspir, e escarrar na coroa.

Eu tenho que galgar a quarta estrela.
E ser presidente também.

A erva é nada

Mundo, mundo, pedaço finito da vida.
Vejo encostados no poste sujeitos barbudos sorrindo.



Pequenas cabeças calvas arquitetando loucuras,
Enquanto grandes cabeças leigas manuseiam as armas.


Inócuas palavras para descrever a covardia.
Visões transcendentais, coloridas, irreais.

Na esquina do nada lambendo veículos.
Moços solteiros, bem vestidos, elegantes,
Mordendo os lábios grossos e as línguas
brancas e ásperas da viagem.

Viagem que transporta ao fim do nada,
Sem resultados, sem objetivos, sem descobertas.

Homens alterados pelo medo,
Abrindo covas para seus semelhantes,
Impotentes e conscientes.

Os nervos e destroem a castidade.

Imortais cavaleiros da vergonha:
Homens, mulheres, padres, ateus, generais !


A culpa

Sofre, sofre condenado do infortúnio,
Fruto de um coito sem amor.
Cabisbaixo segue seu caminho
sem culpas mas com toda a dor.

Mira-se no espelho da realidade
Percebe que sofre mas não sabe porque.
O porquê do seu sofrimento
Se não teve culpa de nascer.

Anda triste e desconsolado
Sem Ter a quem recorrer,
Pois por ser fruto de um pecado
Nunca mereceu viver.

O coito que o gerou sem piedade,
Outros ainda gerará
Pois este mundo em si é um pecado
E o homem para sempre o alimentará.

A culpa não tem dono nesta hora.
É mera questão de oportunidade.
Um bastardo já é um culpado
Portanto não deve ser recolhido
Pela exemplar comunidade.

Melhor dar carinho aos animais.
Das mães não terão nenhum afeto
E pelos pais não esperarão jamais.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Aproxime-se

Quão alegre pode ser teu mundo,

Profundo como o sono da tua imaginação.
Ou altivo como teus olhos amigos,
Sonoros como a nota da canção.


Ah, alegria que transcende o caos !
Alimento que abstrai a vida e abastece a mente.
Elogio a todos que amam.

Vem que te penso na alma.
Vem que te espero na chuva.
Vem, mas vem louca e toda minha
Que eu quero te ter toda nua.


Aquece teus seios nos meus lábios,
Chega mais perto, aproxime-se.
Encoste teus cabelos no meu rosto
Transpire, transpire e se anime.


Ah, alegria, cor do amor !
Pedaço do meu eu, amargo e triste,
Lembrança do meu ardor.
Poesia perfumada que ainda existe.


Vem, fica perto do meu corpo.
Esquece teu pudor, teu sacrifício.
Vem, chegue perto dos meus lábios.
Vem que eu morro em teu sorriso.

Lamentos em confissão

Muito forte é a dor que me consome as entranhas da mente, a consciência,

que o pesar da carência me devora as atitudes que não tomo, ignoro.


Já não durmo mais sequer uma noite na vigília a lastimar minha sorte
nada acontece que eu não seja o próprio agente da minha morte.

E ao desejar outro destino agora tento esquecer que sou meu perigo,
que estou colhendo o castigo plantado na ânsia de ser melhor.

Desejo a morte pela covardia cansado de lutar comigo mesmo,
transpirando vícios corrosivos a esmo sonhando renascer um novo dia.


Um novo dia que me acalme a alma que me dê trégua, que me contagie
com o aroma puro da felicidade que tenho buscado em vão cada dia.

Todo dia passa e eu passo os dias sempre muito iguais, repetitivos,
vou buscando a paz que não contagia tudo faço mas sem ousadia.

Já cansei de chorar escondido, fugindo dos que me animam,
matando um amor que denuncia estar na angústia da minha companhia.

Aos amigos um amargo remédio tenho sido ao longo desta vida
aos meus pais um peso concreto na decepção de não ter medida.

Perdi a carne do coração vadio que muito sonhava e quase batia,
perdi a moral do caráter doentio que me fez viver enquanto morria.



Água

Cai a água em valas profundas

Cobrindo as pedras com sutileza,
Limpando a terra com carinho
Correndo e alagando a natureza.






Cai como versos de um poema,
Embevecendo o solo de fertilidade,
Produzindo o viço da vida
Aliviando o calor dos que ardem.






É sempre ela que nos refresca o rosto,
Que destaca ao paladar o gosto
E umedece nossos lábios.






É sempre ela que faz brotar os frutos,
Resfriando o ímpeto dos brutos
Necessária que é aos leigos e aos sábios.

Aldeia nativa

Inspirado no livro “Enterrem meu coração na curva do rio"


Quem quer que seja quero amá-lo.

Ninguém pode me furtar o direito de amar minha terra.
Amo sem medo do amor.
As matas deste florão da América
Fulguram no meu peito com ardor.

Nos lindos campos  eu deliro,
Aqui no meio do concreto armado e preso
Nesta selva gelada.

Estou vivendo numa aldeia nativa,
Com nativos da minha terra,
Entre os medos que Deus deixou
Mas sem o ódio que o homem ensinou.

Estou vivendo numa aldeia nativa,
Cativo da minha própria vontade,
Sem medo do amor que ilumina
A minha própria identidade.

Todo poder

Todo poder,

toda glória,

inglória imaginação.

Todo poder,
todo medo,
sócios em segredo.


Todo poder
de não poder
ter e não ser.


Todo poder
aos ínfimos,
tudo de ínfimo
aos poderosos


Todo poder,
toda glória,
inglória decepção.



segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Golfo do oriente

Assim como sobre o Empire States
E na aeronave nosso comandante espera
De camiseta pintada e Jet Ski.

Que pretendem destruir os velhos ninhos
E indicam aos caçadores implacáveis
A rota de colisão no mesmo destino.

De camiseta pintada e Jet Ski
Esbelto esportista do pós-guerra
Saído de uma história de gibi.

Onde o ouro negro entorpece
A América então aparece
E doa o sangue dos seus filhos em vão.

De camiseta pintada e bodyboard
Enquanto Norte e Nordeste recrudescem
Ao sabor da solidariedade do Sul.

Esperando do céu o Messias
Enquanto os mísseis sobrevoam
E aterrissam em forma de fantasia.

Na aeronave o comandante espera,
De camiseta pintada e prancha de Surf
Enquanto a América recrudesce
Ao sabor dos Yankees e Omulus.

Aos tempos de hoje

Eu conheço o preço das crianças na boemia,
Do ébrio nas noites frias
Do inocente no cadafalso.

Eu conheço a fome, a luta pela vida,
O trapo sobre o corpo, o pé sobre avenidas,
O frio doer matando, a carne seca e magra.

Eu conheço um canto, lá no fim do verde,
Que é sujo e preto, lá no fim da noite,
Onde eu sempre brinco de viver contente.

Eu conheço o vício, o nobre aloprado,
O cume da pobreza, o antro dos tarados,
O corpo tão doente, as formas todas quentes,
As lutas pelo nada.

Eu conheço o roubo, o assassinato, o crime,
Não sei se tenho nome, só sei que me redime
Escrever teu nome nas paredes virgens.

Eu quero conhecer teu corpo,
Teus lábios, teu enxoval,
Teu hálito, teu sentido,
Teu cheiro no carnaval.

Eu quero saber teu corpo, suar bem junto de ti.
Morar nas tuas entranhas,
Até você me parir.

Alerta

Olhe, soldados todos somos iguais.
Pés nas botas, fuzis e animais.
E não adianta esquecer, blasfemar,
Se o que você é sempre será.


E a fome não irá te perturbar em nada,
Nem mesmo a mulher que foi coitada
Irá te perturbar se você a amar.


Somos gente, braços e pernas iguais,
Alma e corpo animais.
E não importa a quem blasfemar
Se você sempre será.


Somos filhos, pais, irmãos em vidas,
Curamos nossas próprias feridas
E ainda sangraremos mais
Se não acreditarmos na paz.


Olhe o povo, soldados todos somos,
Marcados pelos estilhaços que fomos,
Fragmentos do sonho irreal
Que procuramos entender por mal.

domingo, 1 de agosto de 2010

Noturna meditação

Acordamos, é dia claro.
O sol já ilumina pela fresta da janela a penumbra do nosso quarto.
As horas passaram em veloz corrida dentro da noite.
Assisto seu corpo encantado que ainda repousa ao meu lado.
A música sai do rádio quase inaudível.
Mas sei que estás presente.

Que insistem em cobrir-lhe o rosto.
Sinto você correndo nas minhas veias como nunca.
Consciente, quero ser o alimento da sua alma.
Você sabe muito sobre mim e eu sobre você.
Mas não sabemos ainda o suficiente sobre nós dois.

Entre o que sou e o que você pensa que sou.
Mas minha luta continua.

Agora cai o lençol deixando suas coxas nuas.
Não, não caiu sozinho. Eu o derrubei.
Assim como vou derrubar esta muralha que existe
Entre você e o meu sentimento.

Novamente em seu rosto aquela alegria de prazer em me ter.

Quatro horas

Sentado, pernas balançando,
Dedos escrevendo
No papel.

Papel de gente sentada,
Óculos caindo
Sobre a mesa.

Mesa de trabalho.
São quatro horas
No relógio.

Relógio de ponto,
Ponto de pressão,
Opressão mortal.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Hoje pensei em você

Hoje eu achei, depois de pensar em silêncio, que meu
silêncio é o retrato da minha angústia e minha angústia
o retrato da minha inconformação.

Mas pensar em mim não é prudente, melhor pensar
mesmo que incoerente, no amor que sinto e não posso
exprimir.

Pensar então em você, nos cachos negros e delicados que
caem sobre seus ombros, no rosado e aveludado dos teus
úmidos lábios que me magnetizam e quase me levam
à loucura.

Exagero ? Talvez um pouco, de poeta menor porém, sincero
e puro como o sentimento de um poeta maior.

Imaginar você tem alimentado meus sonhos e me transportado
ao infinito, mesmo que eu não te veja, mesmo que eu não te sinta.

Hoje pensei em você como se eu pudesse pensar quando lembro
você!

Mas acho que devo te poupar doravante destas minhas confissões
de apaixonado, destas palavras de um louco desvairado que não
mede o caminho que pode ter espinhos e te ferir.

Mas também acho que é muito gostoso poder te dizer que te amo,
dizer que não sei como isso se deu, mas te amo e sei que com
este amor hei de ficar até o fim.

Hoje pensei em você e meu hoje tem sido meu sempre pois você
está presente, bailando num fino vestido branco de seda, que chega a deixar
transparecer as curvas exatas com as quais a natureza te esculpiu.

E por isso te agradeço novamente por me deixar pelo menos dizer
o quanto isto é lindo e quanto estremeço ao seu lado, quando beijo
teu rosto mas gostaria de beijar todo teu corpo na emoção deste amor.

Hoje continuarei a pensar em você, é inevitável......

Asteróide Caqui

Eu fico observando o universo
E percebo astros deslocados de lugar.

Vagam misteriosos sóis, luas ciganas,
Por entre as noites desta era espacial.

Eu vejo um asteróide caqui deslizando
Na caudalosa luz de um refletor,
Enquanto estrelas de néon bailam brindando
Vênus e Marte que se enfeitam para o amor.

Como nos sonhos eu fico muito louco,
Quase não consigo pirar.

Lennon vai curtir de novo
E Janis vai ter que cantar.

Amor acumulado

Tenho tanto amor represado
procurando vazante antes
de romper meu coração.

Minha alma flutua no vento,
transcende o momento
e se instala na flor.

Meu corpo arde em tormentos,
não cedo, porém, aos lamentos
e me guardo sem sentir dor.

Até que se me entregue à poesia amada,
vou varando cego a madrugada,
paciente acumulando amor.

Tenho tanto amor acumulado,
que não consigo ficar acordado
e mergulho no sonho de esplendor.

Do esplendor de sentir tua carne,
sensivelmente soando o alarme
que deixa mostrar seu tesão.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Mulher, Cisne, ave mulher

Ave que empreende vôos por longas distâncias,
que rasante aterrissa sobre todas as inconstâncias,
mas, não perde a plumagem jamais.

Cisne que singra águas turvas e cristalinas,
Que ao fundo mergulha sem temores, linda menina,
Desabrocha a cada novo alvorecer.

Ave, cisne, mulher que se fortalece nas agonias,
Que, enamorada, nos entorpece nas noites de furor,
Pra depois acalentar nossas crias
Junto aos seus seios, fontes de mel e amor.

Mulher, cisne, ave de trinar eloqüente,
Por que te destinam um único dia?
Mulher, pedra rara que não se lapida nunca
Todos os dias são teus, e esta é a razão da minha euforia.