sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Aproxime-se

Quão alegre pode ser teu mundo,

Profundo como o sono da tua imaginação.
Ou altivo como teus olhos amigos,
Sonoros como a nota da canção.


Ah, alegria que transcende o caos !
Alimento que abstrai a vida e abastece a mente.
Elogio a todos que amam.

Vem que te penso na alma.
Vem que te espero na chuva.
Vem, mas vem louca e toda minha
Que eu quero te ter toda nua.


Aquece teus seios nos meus lábios,
Chega mais perto, aproxime-se.
Encoste teus cabelos no meu rosto
Transpire, transpire e se anime.


Ah, alegria, cor do amor !
Pedaço do meu eu, amargo e triste,
Lembrança do meu ardor.
Poesia perfumada que ainda existe.


Vem, fica perto do meu corpo.
Esquece teu pudor, teu sacrifício.
Vem, chegue perto dos meus lábios.
Vem que eu morro em teu sorriso.

Lamentos em confissão

Muito forte é a dor que me consome as entranhas da mente, a consciência,

que o pesar da carência me devora as atitudes que não tomo, ignoro.


Já não durmo mais sequer uma noite na vigília a lastimar minha sorte
nada acontece que eu não seja o próprio agente da minha morte.

E ao desejar outro destino agora tento esquecer que sou meu perigo,
que estou colhendo o castigo plantado na ânsia de ser melhor.

Desejo a morte pela covardia cansado de lutar comigo mesmo,
transpirando vícios corrosivos a esmo sonhando renascer um novo dia.


Um novo dia que me acalme a alma que me dê trégua, que me contagie
com o aroma puro da felicidade que tenho buscado em vão cada dia.

Todo dia passa e eu passo os dias sempre muito iguais, repetitivos,
vou buscando a paz que não contagia tudo faço mas sem ousadia.

Já cansei de chorar escondido, fugindo dos que me animam,
matando um amor que denuncia estar na angústia da minha companhia.

Aos amigos um amargo remédio tenho sido ao longo desta vida
aos meus pais um peso concreto na decepção de não ter medida.

Perdi a carne do coração vadio que muito sonhava e quase batia,
perdi a moral do caráter doentio que me fez viver enquanto morria.



Água

Cai a água em valas profundas

Cobrindo as pedras com sutileza,
Limpando a terra com carinho
Correndo e alagando a natureza.






Cai como versos de um poema,
Embevecendo o solo de fertilidade,
Produzindo o viço da vida
Aliviando o calor dos que ardem.






É sempre ela que nos refresca o rosto,
Que destaca ao paladar o gosto
E umedece nossos lábios.






É sempre ela que faz brotar os frutos,
Resfriando o ímpeto dos brutos
Necessária que é aos leigos e aos sábios.

Aldeia nativa

Inspirado no livro “Enterrem meu coração na curva do rio"


Quem quer que seja quero amá-lo.

Ninguém pode me furtar o direito de amar minha terra.
Amo sem medo do amor.
As matas deste florão da América
Fulguram no meu peito com ardor.

Nos lindos campos  eu deliro,
Aqui no meio do concreto armado e preso
Nesta selva gelada.

Estou vivendo numa aldeia nativa,
Com nativos da minha terra,
Entre os medos que Deus deixou
Mas sem o ódio que o homem ensinou.

Estou vivendo numa aldeia nativa,
Cativo da minha própria vontade,
Sem medo do amor que ilumina
A minha própria identidade.

Todo poder

Todo poder,

toda glória,

inglória imaginação.

Todo poder,
todo medo,
sócios em segredo.


Todo poder
de não poder
ter e não ser.


Todo poder
aos ínfimos,
tudo de ínfimo
aos poderosos


Todo poder,
toda glória,
inglória decepção.