quarta-feira, 25 de maio de 2011

Um pedaço de chão

Calmaria no ar, tempo quente.
Muita gente caminhando
A passos largos cantando,
Vão em frente.

Passa milho, passa trigo,
Passa imensidão de verde,
Grandes terras alheias
Onde as vistas se perdem.

Vão falando palavras da imaginação,
Pensando quantos alqueires de plantação
Terão que colher pra conseguir.

Passa casa grande e branca,
O homem escora a mulher manca
De tanto andar e não ir.

Guerra

Um corte no coração.
Obsessão.
Sangra o ferimento na palma da mão.

Mão arrojada empunha a arma,
Arma de destruição.

Um brado forte e arrogante,
Um salto mortal e cai ao chão.
Cobre o cimento de sangue,
Sangue da obsessão.

O norte e o sul, mil canhões.
Ergue-se a bandeira da solidão.

Quem cumpre a missão?


Corre o sangue de irmãos.
Sangue da obsessão.

Falência

E o moço padeceu horrores
Sangrou sangue vivo, vermelho enquanto esperava.

Desciam as escadas velhos rostos
Enrugados e carrancudos penando de dó.

Lá estava ele, olhos miúdos,
Sentado quase moribundo esperando, só.

Alguém gritou seu nome,
De dentro da sala ao lado e ele levantou cambaleante.

De pé, feito estátua sorriu,
Riso frouxo e fraco, e ouviu.

Saiu minutos depois,
Cabisbaixo como entrou e no corredor viu o sol.

Depois nunca mais.
Só viu ferros verticais, e esqueceu.

Um dia alguém o chamou,
Dizendo que poderia sair e ele saiu.

Olhos brancos de pó,
O sol o cegou de repente e ele faliu.