segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Golfo do oriente

Assim como sobre o Empire States
E na aeronave nosso comandante espera
De camiseta pintada e Jet Ski.

Que pretendem destruir os velhos ninhos
E indicam aos caçadores implacáveis
A rota de colisão no mesmo destino.

De camiseta pintada e Jet Ski
Esbelto esportista do pós-guerra
Saído de uma história de gibi.

Onde o ouro negro entorpece
A América então aparece
E doa o sangue dos seus filhos em vão.

De camiseta pintada e bodyboard
Enquanto Norte e Nordeste recrudescem
Ao sabor da solidariedade do Sul.

Esperando do céu o Messias
Enquanto os mísseis sobrevoam
E aterrissam em forma de fantasia.

Na aeronave o comandante espera,
De camiseta pintada e prancha de Surf
Enquanto a América recrudesce
Ao sabor dos Yankees e Omulus.

Aos tempos de hoje

Eu conheço o preço das crianças na boemia,
Do ébrio nas noites frias
Do inocente no cadafalso.

Eu conheço a fome, a luta pela vida,
O trapo sobre o corpo, o pé sobre avenidas,
O frio doer matando, a carne seca e magra.

Eu conheço um canto, lá no fim do verde,
Que é sujo e preto, lá no fim da noite,
Onde eu sempre brinco de viver contente.

Eu conheço o vício, o nobre aloprado,
O cume da pobreza, o antro dos tarados,
O corpo tão doente, as formas todas quentes,
As lutas pelo nada.

Eu conheço o roubo, o assassinato, o crime,
Não sei se tenho nome, só sei que me redime
Escrever teu nome nas paredes virgens.

Eu quero conhecer teu corpo,
Teus lábios, teu enxoval,
Teu hálito, teu sentido,
Teu cheiro no carnaval.

Eu quero saber teu corpo, suar bem junto de ti.
Morar nas tuas entranhas,
Até você me parir.

Alerta

Olhe, soldados todos somos iguais.
Pés nas botas, fuzis e animais.
E não adianta esquecer, blasfemar,
Se o que você é sempre será.


E a fome não irá te perturbar em nada,
Nem mesmo a mulher que foi coitada
Irá te perturbar se você a amar.


Somos gente, braços e pernas iguais,
Alma e corpo animais.
E não importa a quem blasfemar
Se você sempre será.


Somos filhos, pais, irmãos em vidas,
Curamos nossas próprias feridas
E ainda sangraremos mais
Se não acreditarmos na paz.


Olhe o povo, soldados todos somos,
Marcados pelos estilhaços que fomos,
Fragmentos do sonho irreal
Que procuramos entender por mal.

domingo, 1 de agosto de 2010

Noturna meditação

Acordamos, é dia claro.
O sol já ilumina pela fresta da janela a penumbra do nosso quarto.
As horas passaram em veloz corrida dentro da noite.
Assisto seu corpo encantado que ainda repousa ao meu lado.
A música sai do rádio quase inaudível.
Mas sei que estás presente.

Que insistem em cobrir-lhe o rosto.
Sinto você correndo nas minhas veias como nunca.
Consciente, quero ser o alimento da sua alma.
Você sabe muito sobre mim e eu sobre você.
Mas não sabemos ainda o suficiente sobre nós dois.

Entre o que sou e o que você pensa que sou.
Mas minha luta continua.

Agora cai o lençol deixando suas coxas nuas.
Não, não caiu sozinho. Eu o derrubei.
Assim como vou derrubar esta muralha que existe
Entre você e o meu sentimento.

Novamente em seu rosto aquela alegria de prazer em me ter.

Quatro horas

Sentado, pernas balançando,
Dedos escrevendo
No papel.

Papel de gente sentada,
Óculos caindo
Sobre a mesa.

Mesa de trabalho.
São quatro horas
No relógio.

Relógio de ponto,
Ponto de pressão,
Opressão mortal.