sábado, 6 de agosto de 2011

O caminho da paz

Olhos firmes na mira, o alvo é fácil,
Brincadeira de criança.
E cai mais um bastardo.
Ninguém ampara o corpo morto.
É estudante ? É operário ?
Questionam os jornais, os padres os policiais,
Os menestréis.

A bandeira é tingida de vermelho.
Não o ideológico, não o comunista.
Mas o biológico, o vermelho sangue, o vermelho vida.

Caminham uniformes prepotentes,
Baionetas balançando na cintura.
Olhos firmes na mira, brincadeira de idiotas, patriotas.

Escudos protetores, opressão da ganância.
Anseiam poder e riquezas,
Das profundezas da carne ao espírito.

Cai mais um no asfalto.
Olhos firmes no céu.
Buscava a liberdade, buscava a paz.
Brincava de ser gente, morreu réu.

O escritor

Foi o fim aquela rasura no livro,
Aquela mancha de sangue na folha,
E todos aqueles rabiscos vermelhos.

Derrotado, quase mudo, esqueceu-se.
Enlouqueceu de tédio e matou o riso.
Um forte golpe de medo.

E não esperou para nascer de novo.
Tremeu de faca em punho e, coitado,
Espancou a sombra até cair. Morreu.

Hoje nas trevas já é mais calvo e gordo,
A lucidez impedia sua caminhada,
Mas agora chegou. Foi o fim aquela…

Noite

Noite lenta, morbidamente lenta que trás a madrugada veloz.
Ouça nossos lânguidos sussurros.
Guarde em seus negros seios nosso infindável orgasmo.

Podes abrigar nossos corpos amantes.
Só tu, com este ar úmido e fresco
Podes acalentar inspirando poesias.

Noite dos poetas e das mariposas,
Ampare nossa embriaguez.
Vigie os nossos sonhos, as nossas boemias.

Entranha do céu, alcova da lua.
No teu fim virá o macho incandescente
Penetrando toda tua formosura com
Fálicos raios dourados.
E tu morrerás para reviver amanhã.