terça-feira, 21 de dezembro de 2010

As mãos

Com uma sede de domínio as mãos tremulam como flâmulas que comemoram a vitória.
As guerras sempre deram trabalho para as mãos, seguras e decisivas.
A perfeição dos seus traços harmoniza-se com o vigor dos seus nervos e ossos.
O aspecto áspero e rude de um soco faz das mãos o carrasco da mente.
A suavidade e elegância da mão perfumada que acaricia faz da mulher a mãe dos homens.

A mão que exprime ódio quando contraída, ou agonia quanto entreaberta e trêmula, denota paz e amor quando empunha o indicador e o médio elevados rigidamente.
As mãos matam, fazem nascer, punem, acariciam, fingem, cumprimentam e são algemadas pela vida.

As mãos sentem o perigo no tato e estrangulam a meia-noite tenebrosa com o apertar dos dedos. As mãos partem o pão da vida, mostram o desespero de um afogado e provocam o orgasmo numa Barbarela do futuro.

As mãos que as enxadas calejam e as alianças repousam.

As mãos unidas num ideal aceso, numa utopia presente, numa artilharia audaz.
São partes executivas de um corpo despoticamente governado pela mente, que busca a segurança empunhando armas e liras no seio da humanidade racional.

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