sexta-feira, 1 de abril de 2011

Fale comigo

Eu quero que falem comigo,
Falem rápido, urgente.
Eu quero ouvir uma voz,
A voz de alguém, aqui.

Por onde eu ando o silêncio é duro.
O vento encosta minha camisa no peito
E levanta meu colarinho.

Meu, meu, em mim, horror.
Ande ao meu lado falando,
Contando qualquer coisa inútil,
Pegue minha grande e trêmula mão,
Vagueie com ela entre nós,
Mas fale, fale sempre.

Não me deixe ouvir o barulho dos carros,
Aqui em São Paulo tudo é caro,
Fale pra mim, sente-se ao meu lado no ônibus,
Abra a janela pra que eu respire e tussa em seguida,
Mas fale comigo.

Pule comigo na cama, derrube a coberta
E me engula a cabeça.
Sussurre ao meu ouvido, mas fale comigo.
Fale sempre comigo.

Eu vou me perdoar

Não sei, não vou tentar conseguir
Coisas que o mundo não dá eu sei,
Mas vou procurar um modo de viver.

Sentir, muito perfume no ar,
Muita vontade de amar,
E ter com quem me libertar.

Não sei, não vou poder recuar,
Ante o perigo de ter que sofrer
Só por ter que sonhar.

Sentir, muita tristeza em pensar,
Que neste mundo ninguém poderá
Nem que queira, ser livre pra cantar.

Vou ter muitos sorrisos pra dar,
Muita alegria ao dizer
Que sou eu quem vai me perdoar.

Eu comigo mesmo

Oh Pai, vislumbrei meu ego esta noite !
É verdade, eu o vi dentro de mim.
Fazia frio no meu corpo pouco
E como se eu ficasse louco morri.

Morri só o tempo suficiente,
Para que na cama quente
Eu pudesse conversar.

Falei-me com alegria,
Poxa pai, você precisava ver
Como eu sou bacana,
Como eu sou dentro de mim.

Eu me mostrei fotos suas
E enquanto eu as via eu
Debruçado na janela via a lua.

É, ela é muito amarela.
O queijo é branco, eu me
Pintei como aquarela.

Sabe, eu me gosto muito.
Coloquei Beatles na vitrola
E enquanto isso eu lia poesias.

Oh Pai, você precisa me conhecer !
Nós o conhecemos por foto,
Eu e eu o amamos muito.