terça-feira, 19 de maio de 2009

Soneto desvairado a Mario de Andrade

Hoje eu acordo com lágrimas saltitando,
Os olhos vermelhos ardendo de sono.
Como eu queria, caro Mario, como eu queria
Acordar atrás, há cinqüenta anos!

Ver a luz do querosene em chamas
E desvairado ver a Sé sorrindo.
Ignorar completamente a gasolina
E ver passar incontáveis passarinhos.

E o cavalgar, e o cavalgar garboso
No São Francisco em longas saias metidas
De lindas damas, corpos puros, gostosos,
Pouco barulho, pouca gente bandida.

Meu louco Mário, meu doido, como eu queria
Ter vivido com você estes meus dias
Esquecer o Metrô, perpetuar o sarau!

Como eu queria que hoje você voltasse
E bem do alto da Paulista gritasse
Que este desvario é imortal.

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