Fizeram-me de amor e química orgânica.
Agora estou perdido, inerte na placenta,
Sozinho no escuro.
É verdade, estou crescendo.
Dentro do meu próprio eixo.
Meu sangue é quente e ao singrar pelas veias
Aquece a lisa e transparente pele que cobre minha máquina.
Tudo é silêncio e escuridão.
Certos abalos interferem na minha evolução,
Bloqueando o meu cabo de sustentação.
Mas logo findam.
Já estou maior, eu me sinto.
Agora longos apêndices deixam minha massa e
Buscam o espaço livre.
Algo está mudando.
Sinto estar sendo repelido do meu habitat.
Sinto calafrios e tédio.
Sou gente. Já sinto dor, amargura, ódio.
Já estou disforme e conforme.
Já sinto ter sentido, ter existido,
Mesmo neste pedaço de papel.
Fantástico Roberto!
ResponderExcluirNum pedaço de papel ou numa tela, porque bem antes existe e tens te apropriado de teus desejos.
Outro abraço
Bela Poesia, parabéns pela produção.
Passo a seguir-te