sexta-feira, 24 de abril de 2009

Madrugada Paulistana


Foi a madrugada, a lua se esconde.
Dentro de mim só ilusão.
Por sobre os telhados o sereno
Deitou lágrimas que agora se vão.

A brisa da manhã é fria.
São Paulo acorda agitada.
Por sobre os leitos das ruas
Caminham nuas almas geladas.

A noite morreu sozinha.
Exceto pelos porteiros das boates,
Pelos bombeiros, padeiros,
Eiros e eiros ela morreu só.

Os pássaros biônicos cantam
Harmonias de alento.
Procuram alegrar o momento
Em que todos têm cacos de vidro nos pés.

Cacos nos pés, cascos nas patas.
As buzinas despertam o sono.
Sob as cobertas copulam – zap-zap – autômatos
Porcas e parafusos estéreis, eunucos.

O dia vem alucinante como um caos.
Pernas varicosas caminham rumo ao ganha-pão.
Os óxidos, bióxidos e monóxidos estão no ar.
Alvorada paulistana. Ganha não.

2 comentários:

  1. Olá Betto,

    Parabéns pelo novo blog! "Madrugada Paulistana" retrata as lágrimas, mas também os sorriso da noite. Eu também tenho um poema com esse título(ahh, não se preocupe - que os versos são diferentes - rsrsrsr), que encanta pela força de suas palavras sobre uma cidade tão especial.

    Beijos, Madá

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  2. Querida Madá, minha fada poetisa. Quanto prazer em tê-la por aqui. Quero ler seu poema homônimo agora. Fiquei intrigado... Beijão,

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