sexta-feira, 26 de junho de 2009

Miragem


É tarde, um sol intenso.
Uma tarde imensa, um vento azul.
De cima dos Andes um condor, um carcará.
Vejo plumas alpinistas salpicando o verde.
Uma tarde intensa, um suor imenso.

Víamos pois éramos dois. Dois somente.
Perdi os sentidos nas horas, quebrou-se o silêncio.
Uma tarde de verão, poética, sensualmente erótica.
Nenhuma nitidez, apenas sua tez, alva.

É neste alvor que me escondo, medroso.
O sol me vê, me queima, me acusa.
Sua pele é alva também.
Sinto queimar meu vértice. Um bastão em chamas.
Li um dia sobre pornografia. Os obscenos.

Um sol intenso dentro de mim.
Com garra alcanço a consciência.
Ela é forte, rija, autêntica, minha.
Ela não se afeta. Ela se dilata com o sol.

O pássaro agora está faminto e quente.
Não há sol nos Andes?
Não, não há sol nos Andes. Você mente.

Agora acordo e é domingo.
Talvez o primeiro, talvez o segundo.
Mas é domingo, sempre domingo.

É tarde, um sol intenso.
Concateno as idéias, um vento azul.
Muitas idéias; Andes, condor, carcará.

É tarde, um sol intenso, imenso, sem fim.

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