sábado, 31 de dezembro de 2011

Um dia comum


Vou vadio rua acima,
Mãos nos bolsos, cabeça vazia.
Rua acima vou vazio.

Num dia azedo, desço a avenida tragando fumaça.
Os rostos que passam cruzam comigo,
Olhares se ligam, bocas caladas.

Na porta do boteco fechado
Vou contando garrafas de leite
Deixadas ao lado.

Passo bares e lojas ainda fechados.
O cigarro no fim eu apago
Deixando-o cair no chão, no asfalto.

Vou vadio rua acima,
Olhos fixos no nada,
No nada vou vazio.

Paro no pau colorido.
O ônibus faz força querendo subir.
Eu subo, piso nos pés alheios, quase caio.

O ônibus cheio sacode a moçada
Que calada se deixa sacudir
Até a última parada.

Descem barbudos e bigodudos,
Homens mudos e surdos,
Tenho vontade de rir.

Joguei fora o chiclete e parei,
O ponto é final e eu cansei,
Agora vou me deitar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário