segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Bibocas

Oh cara, hipócrita escondido!
Onde pensas que vai assanhado?
Pro campo de luta não vais,
Da saia da mãe não desgrudas bastardo!

És poeta das ruas asfaltadas, das luas povoadas por metais.
Não escondes este teu cheiro embriagado,
Esta tua elegância malcriada, este teu excremento animal.

Oh menino vestindo calças curtas,
Quebrando vidraças nos quintais,
Roubando maços de cigarros,
Furtando peças nos varais!

És soldado das mãos vazias,
Malandro das noites frias,
Criança sem mãe sem pai.
És pequeno aglomerado de carnes,
Prostituta de todos os bares,
Estrofe imposta na canção.

Coroado pelo vício e pelo sono,
Olhos abertos, boca fechada de gás.
Dois pontos entre algumas vírgulas,
Silêncio na guerra, barulho na paz.
Pobre rapaz!

Olhai este campo, este canto, esta luta.
Senti na tua carne o vil metal que alguém,
Puxando um estilete, no teu ventre
O perdeu e ganhou jornais.

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