quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Anjo Bretão

Vejo voando num leão marinho colorido como uma ave, um detestado coração.
Vejo caindo dogmas aleatórios de mãos espalmadas no velório de quem se pintou num trem da estação.

Vejo diamantes no céu e imagino nem pátrias nem posses existindo e todos vivendo de bem sonhar.
Sinto que fiquei um pouco menos, bebendo sem querer o veneno, perdendo uma das vontades de ser.

Sinto este dia na minha vida quando o som da guitarra perdida adoraria ligar você também.
Vejo diante dos meus olhos espessa bruma que cinge o meu corpo como a espuma de um alívio que não chegou.

Vejo no cortejo lúgubre a presença invisível da quimera que deixa de existir.
Vejo em plena arena os leões marinhos, os óculos quebrados pelo ódio ao amor.

Sinto como se por sentença de um rei eu tivesse que acompanhar sua canção.
É uma vontade incontida de te seguir até o homem de lugar algum.

Vejo nesta manhã arbitrária, partir da loucura incendiária para o Karma, aquele que aprendi a amar só por existir.

Sinto aqui dentro do meu peito um suspeito vazio de solidão.
Não mataram a mim e nem mesmo a um simples cidadão.

Vejo John Lennon o perdido,
John Lennon o viciado,
John Lennon o achado que deixou de viver para existir.

Em 08 de dezembro de 1980

Nenhum comentário:

Postar um comentário