quarta-feira, 8 de julho de 2009

A cor púrpura


Desceu suave, deslizando gota após gota
por longos dias, intermináveis, pernas abaixo,
incontinente.

Do alto da beleza que os poucos anos lhe
conferia, estremeceu no início, mas logo
percebeu que não era sua anomalia.

Observou solene e curiosa, moça prendada,
de cabelos ruivos delicados que contornavam
seu rosto como um véu de seda carmim.

Descia aos poucos, ora lentamente ora mais
afoito, procurando caminho entre os arbustos
que circundavam o centro da erupção.

E ela apreciou sua pureza esvaindo-se, mas
ao mesmo tempo, sentiu um calor intenso que
lhe queimava as entranhas e fazia estremecer
todo seu corpo.

Tinha iniciado outra jornada, da pureza das
bonecas à certeza de mais nada.

A cor púrpura findou no quinto dia, dia do
armistício entre a infância e a juventude.

3 comentários:

  1. Em a Cor Purpura,mestre nosso,a vida poetisas,em jardim de vida nossa,entre flores da infancia e juventude,entre o sol e a lua!

    Te abraço e reverencio,poeta amado nosso!
    Viva Vida!

    ResponderExcluir
  2. Roberto,
    Quanta florescência. E bela.
    Abraços

    ResponderExcluir